Você com você mesma


A parte mais difícil desse isolamento está sendo lidar com a solidão, mas não só a solidão de não poder ver os amigos e de ficar sozinha em casa. Falo daquela solidão que você sente quando se cerca de você mesma. Se perder entre os gostos, afazeres e obrigações. Quando uma crise chega num período como esse é como se tudo tivesse muito mais intensidade e acontecesse em proporções muito maiores.

Os problemas parecem gigantes do lado da cama nos esperando acordar e as coisas boas viram poeira embaixo da cama, mal lembramos delas. A apatia nos atinge e parece que não somos mais capazes de sentir, seja algo bom ou ruim. Vagamos pela casa, de cômodo em cômodo procurando coisas para fazer e mesmo fazendo tudo que é necessário e estava programado pro dia, que diferença isso faz?

Os dias viram noites e elas são longas demais. A insônia se instala e vira uma companhia constante que te ajuda a pensar mais nas coisas que você não gostaria. Filmes, séries e livros ocupam a mente só de forma parcial, como se os pensamentos ruins estivessem ali, a espreita e só esperando uma referência pra saltar a frente dos olhos.

Momentos de insanidade e surtos surgem como bálsamo. Não importa onde esteja ou com quem esteja isso tudo pode te acontecer mesmo no meio de uma multidão e cercada dos seus melhores amigos, mas não se afaste. Se mantenha presente da forma que dá, crie rotinas e tente seguir. Aprenda a sentir prazer em pequenas coisas e lembre-se daquela poeira embaixo da cama. 

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