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Mostrando postagens de maio, 2020

Dias ruins

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Quando temos depressão não importa quantos dias bons temos no mês, se temos um ruim é nisso que nos baseamos. Ficamos apegados a esse dia que as coisas não deram certo ou que não conseguimos sair da cama. Que não cumprimos a meta diária de passos, nem as obrigações com a casa. Aquele copo na pia parece um fantasma nos perseguindo. Uma das melhores formas de lidar com isso é aceitar. Tudo bem ter um dia ruim, tudo bem não estar bem, tudo bem ficar triste, tudo bem passar o dia na cama. Só não podemos permitir que isso prejudique nossa saúde física ou nos coloque em risco (seja no trabalho ou a nível de periculosidade mesmo). Chame de dia de folga, de repouso e aceite. Está tudo bem! Essa necessidade de aparentar estar sempre bem e feliz e saltitante e aproveitando o isolamento social para fazer milhões de faxinas e organizações e descobertas cientificas é uma pressão dos outros e que não te pertence. Foque nos seus sentimentos e no seu próprio tempo. Compreenda e assimile seus sentiment

Aceitando ajuda

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Quem tem depressão enfrenta muitas coisas difíceis todos os dias. Muitas mesmo, mas tem uma que levei anos pra aprender a lidar e ainda enfrento alguns perrengues: aceitar ajuda dos outros. Qualquer que seja a ajuda. Dava uma sensação de impotência e incapacidade, como se aceitar a ajuda de alguém automaticamente me transformasse num fracasso. As coisas não deveriam ser dessa forma. Compreender que quem gosta da gente quer estar por perto e nos apoiar leva um tempo. Achamos que fazem por obrigação ou estão tentando compensar algo... Até o medo de karma eu já cheguei a considerar! Absurdos a parte, lembrar que nenhum ser humano é uma ilha talvez seja o primeiro passo. Não nascemos sozinhos e logo nos primeiros anos de formação somos inseridos no convívio com a sociedade na escola. Lá aprendemos a respeitar os colegas, os professores, aceitar os ensinamentos e ajudar os amigos. Tudo isso segue conosco pelo resto da vida. No ambiente de trabalho, nos relacionamentos, até mesmo a ajuda de

Aceitação

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Uma das coisas mais difíceis da vida é lidar com "a hora certa". Entender e aceitar o fato de que tudo vai acontecer na hora que tem que acontecer e não importa o que você faça. Você pode tentar acelerar as coisas dá forma que der e ainda assim não funcionar. Como também pode deixar pra lá e tudo simplesmente acontecer. Existe o momento certo e a hora certa pra tudo. Como saber qual é essa hora certa? Como saber que ela chegou? E como lidar com o fato de não poder fazer muita coisa para mudar isso. É tudo confuso afinal tem gente que acha que controla seu próprio destino assim como tem pessoas que acreditam em destino e que tudo já está traçado. Eu sou do tipo que acredito meio a meio. É como se existisse um mapa e a certa altura você tem que tomar uma decisão e você pode seguir por dezenas de caminhos diferentes depois de tomar essa decisão e outra lá na frente da mesma forma com implicações e reações diferentes. Ficou um pouco confuso, mas é por aí. Imagine a vida como se f

Sobre o passado

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Pelo menos uma vez na vida todo mundo já pensou em voltar no tempo e fazer tudo diferente. Pelo menos uma vez que seja, mas pensar em fazer isso e nas implicações que isso teria é algo bem diferente. Primeiro porque não tem como voltar no tempo (ainda). Segundo porque se você voltar no tempo, você vai ser a mesma pessoa e vai fazer tudo do mesmo jeito. Agora se você puder voltar no tempo com o conhecimento que tem hoje, aí já é diferente, mas igualmente complicado. Já aprendemos em filmes e séries que existe algo chamado "efeito borboleta" que é basicamente mudar uma coisa mínima que seja e isso alterar completamente o seu futuro. Algumas pessoas podem achar isso magnífico! Pense bem... Isso significa perder os bons momentos também. As coisas ruins que passamos nos levam a ter essa vontade de voltar no tempo e mudar tudo, mas pensa direitinho. Também tiveram momentos bons e tudo de ruim que passou serviu de algum aprendizado. É isso. Tudo que você vive ou é algo bom ou aprend

Mudanças

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Tem gente que gosta de mudanças e vive por elas e tem gente que gosta da estabilidade. Aí é que vem a provocação. Será que realmente gostam da mudança ou da estabilidade? Isso tudo parece confuso e claro, longe de mim falar que todo mundo é assim. Cada pessoa é um universo totalmente diferente, mas vamos pensar um pouco sobre isso. Existem situações que nos deixam desconfortáveis. Seja uma convivência ruim, um lugar desagradável ou até mesmo aquela sensação de que falta alguma coisa. Então vivemos mudando e mudando tudo na busca dessa coisa que falta ou de finalmente nos sentir em casa e confortáveis. Não era questão de gostar de mudanças e sim de ainda não ter encontrado o seu "porto seguro". Por outro lado podemos ver pessoas que gostam de manter os pés no chão. Com rotinas definidas, que tudo está bom do jeito que está e que permaneça assim. Será? Não seria apenas um mecanismo de defesa e o medo do inesperado? Não é algo ruim. Nenhuma das situações são e se tá tudo bem pra

Seja luz

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Tem dias que parece que eu estou no meio de uma floresta, mas daquelas florestas bem densas, sabe? Que você mal consegue ver o céu e tem apenas escuridão e as copas das árvores. Com sons de dar medo no meio de um silêncio que dá mais medo ainda. Tudo isso aliado a uma enorme solidão e um sentimento de vazio que perdura não importa o que seja feito. Os dias de crise são variados. As vezes é uma floresta, as vezes é o fundo do poço, as vezes um mar agitado. Nunca um dia é como o outro nem uma crise como a outra. As vezes elas chegam do nada e sem motivo ou existe um gatilho e isso consegue torná-la mais brutal. Quando existe algo por trás é sempre mais complicado porque vem trazendo junto uma variação de sensações. Essa semana eu estou na floresta. Sempre gostei de estar "no meio do mato" e meus sentimentos usarem algo que me agrada pra me deixar com uma sensação ruim é bem complicado, mas é isso. Eu sinto a frieza que paira a minha volta, respiro o ar carregado inalando mais s

Equilíbrios

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A minha vida parece ser feita de um equilíbrio estranho. Claro que tudo nesse universo é feito a partir de um equilíbrio. "Pra cada bem, existe um mal, pro que é doce existe o sal e isso faz o mundo andar!". Quem conhece leu cantando que eu sei! Na minha vida tudo parece ter um contra ponto. Nunca posso estar totalmente feliz e nunca posso estar totalmente triste. Se o dia é péssimo, tem algo pra alegrar. Se o dia é incrível, acontece algo de ruim. Sempre assim. Seja em crises ou não. Quando tudo vai bem demais eu já fico esperando qual vai ser o problema do dia. E isso parece não ser algo bom, mas em contrapartida se está tudo ruim eu sei que tem algo bom. Isso parece estranho e loucura, não é? Mas a vida tem dessas coisas e eu basicamente só aceito. Pelo menos por enquanto. As vezes travo uma batalha ou outra comigo mesma. Daquelas bem feias e faço as coisas andarem do meu jeito. Se não der certo, tudo bem. Em outros tempos se algo fugia da rotina eu me sentia totalmente pe

Projetos

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Já teve aquela vontade repentina de tirar todos os projetos do papel? As vezes no meio de uma crise de depressão vem uma ideia dessa. Simplesmente pegar uma vontade que tenho e sair correndo atrás de realizar. Então algo dá errado e tudo vai pro água abaixo, inclusive o meu humor e qualquer vestígio de chance de sair da crise. Tenho muitas ideias e sonhos e vários deles são impossíveis de se realizares. Seja pro problemas financeiros ou simplesmente pela distância inevitável nesse momento, mas ainda tenho esperança. Me considero velha pra muita coisa e estou bem com isso. Estar ficando velha era algo que já me preocupou muito, mas eu ainda tenho tanto tempo pela frente. Pelo menos é o que eu espero. Nunca sabemos o dia de amanhã, mas é disso que trata ter esperança, não é? Acreditar que as coisas vão melhorar e que vai ficar tudo bem. Quando se deparar com um projeto que você não sabe como colocar pra frente agora ou simplesmente não tá dando certo: pare e pense um pouco. Seria o momen

Qual é a sua chuva hoje?

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No meio de um dia extremamente chuvoso me perguntei o que a chuva estava me fazendo sentir. Sei que parece loucura, mas comecei a pensar em como me sentia com a chuva e uma coisa foi levando a outra e quando percebi estava analisando as pessoas que passavam na rua e como elas estavam lidando com o aguaceiro. Vi gente caminhando apressada, de cabeça baixa e resmungando. A expressão irritada e parecia ter raiva de toda água que pingava no corpo descoberto. Será que tinha esquecido o guarda-chuva? Ou perdido? Também vi pessoas indo com calma, seja protegidas com capas e sombrinhas ou apenas aproveitando o momento. Pareciam não se importar com nada e curtiam um dia frio no meio do calor costumeiro. Gente que gosta, gente que reclama. Cada um agindo a seu próprio modo e conforme suas experiências com a chuva. Pra mim hoje ela traz uma melancolia e um saudosismo vindo ainda da noite anterior, mas me lembro de já ter ficado irritada ou andado com calma e me sentindo grata pela água que caía.

Sobre saudade

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Saudade é um troço engraçado, né? Uma palavra que só tem no nosso idioma, mas ainda assim traduzida de diversas formas e com diversos significados e sensações diferentes pra cada pessoa. Tem saudade que a gente coloca numa caixa. Tem saudade que vem sem avisar. Tem saudade das coisas que não vivemos. Tem saudade dos momentos bons e até dos ruins. Saudade é um troço estranho. Chega sem permissão e as vezes nos devasta por dentro. Pega um monte de lembranças que deixamos empilhadas num canto esquecido da mente e espalham tudo na nossa frente. Então você se vê, ali, sentado no chão da sua mente com diversos registros e momentos passando na sua frente. O problema é não poder fazer uma pré-seleção do que vai ser relembrado. Você vê os pensamentos vagarem por momentos bons, momentos incríveis e momentos péssimos. Vemos vindo a tona coisas que empurramos pro fundo da nossa parte mais obscura e como se todos os sentimentos fossem interligados por fios, um puxa o outro. A saudade traz dor, que

Um dia de cada vez

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Um dia de cada vez. Um dia de cada vez. Um dia de cada vez. Repito essa frase como se fosse um mantra e um mantra que está sendo essencial pra minha sobrevivência nesse período. Como uma pessoa ansiosa e cheia de paranoias que sou (e não falo isso como se fosse algo ruim, é normal e está tudo bem ter esse problema, OK? OK!) eu vivia sempre pensando e preocupada com o amanhã. Vivia de mãos dadas com as preocupações que eu nem sabia se iam se concretizar ou não. Muitas vezes nada acontecia e eu basicamente tinha surtado a toa. Foram muitos e muitos surtos de experiência, muitas situações ruins, caos diversos e incontáveis problemas até que eu aprendesse a lidar com essa ansiedade. Não foi fácil, mas tem sido algo extremamente importante nesse período de isolamento. Pensar no hoje, focar no agora, estar no momento presente ou como você quiser chamar pode ser a melhor coisa que você vai fazer pelo seu psicológico. E eu não tô falando pra não fazer planos nem ter sonhos e metas pro futuro,

As minhas mil cores

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Estar sozinha e em isolamento social tem mostrado muita coisa sobre, bem... Sobre mim. Descobri que adoro uma boa organização e a casa limpa, que gosto de cozinhar, comer e deixar tudo limpo e no seu lugar depois. Que trocar roupa de cama toda semana é incrível e que ter tempo demais é perigoso. Acho que nunca consegui organizar e arrumar tanta coisa antes. Sabe aquele monte de coisas que você vai deixando de lado e empurrando com a barriga? Aquela pilha de roupas pra doação, aquele depósito bagunçado, o armário embaixo da pia... Coisas que você não precisa fazer, mas agora que tá com tempo... Pronto. Lá tô eu todo dia passando pano na casa, colocando coisas no lugar e finalmente fazendo tudo que tinha deixado de lado. Tudo isso traz uma sensação muito boa, mas também tem aqueles dias em que eu não quero e não consigo sair da cama e eu sei que tá tudo bem. Ninguém é produtivo 100% da sua vida. Ninguém é feliz 100% da sua vida. Tá tudo bem ficar triste e não fazer nada o dia inteiro. Em

Você com você mesma

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A parte mais difícil desse isolamento está sendo lidar com a solidão, mas não só a solidão de não poder ver os amigos e de ficar sozinha em casa. Falo daquela solidão que você sente quando se cerca de você mesma. Se perder entre os gostos, afazeres e obrigações. Quando uma crise chega num período como esse é como se tudo tivesse muito mais intensidade e acontecesse em proporções muito maiores. Os problemas parecem gigantes do lado da cama nos esperando acordar e as coisas boas viram poeira embaixo da cama, mal lembramos delas. A apatia nos atinge e parece que não somos mais capazes de sentir, seja algo bom ou ruim. Vagamos pela casa, de cômodo em cômodo procurando coisas para fazer e mesmo fazendo tudo que é necessário e estava programado pro dia, que diferença isso faz? Os dias viram noites e elas são longas demais. A insônia se instala e vira uma companhia constante que te ajuda a pensar mais nas coisas que você não gostaria. Filmes, séries e livros ocupam a mente só de forma parcial

Crescendo rumo ao infinito

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Quando se tem depressão uma das coisas mais complicadas é conseguir ter uma perspectiva de crescimento na vida. É difícil enxergar um acréscimo positivo quando nos vemos soterrados numa poça de sentimentos ruins e solidão. Claro que é uma sensação única pra cada pessoa e cada mente é um universo totalmente diferente, mas tudo isso acontece porque não conseguimos ver e saborear as pequenas vitórias do dia a dia. Para alguém depressivo até pequenos hábitos são complicados. Existem casos de pessoas que desenvolvem infecção urinária por não beber água, não ir ao banheiro e até mesmo por maus hábitos de higiene. Têm dias que não queremos nem sair da cama e tá tudo bem se sentir assim. É preciso saber que está tudo bem se sentir triste. Mas acima de tudo é importante assimilar as pequenas vitórias e encontrar, mesmo que no fundo do poço, algo a ser grato. Nosso corpo e nossa mente estão em constante evolução. Nunca param de trabalhar e precisamos nos lembrar disso. Mesmo quando achamos que n

[ RESENHA ] Memórias de Uma Gueixa

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Escritor: Arthur Golden Lançamento: 27/09/1997 Título Original: Memoirs of A Geisha Sinopse: Chiyo foi vendida a uma casa de gueixas quando ainda era menina, em 1929, onde é maltratada pelos donos e por Hatsumomo, uma gueixa que tem inveja de sua beleza. Acolhida por Mameha, a principal rival de Hatsumomo, Chiyo ao crescer se torna a gueixa Sayuri. Reconhecida, ela passa a desfrutar de uma sociedade repleta de riquezas e privilégios até que a 2ª Guerra Mundial modifica radicalmente sua realidade no Japão. Sempre fui apaixonada pelo filme e tentei ler a primeira vez em 2005, logo depois do lançamento do filme, parando ainda no começo acabei desistindo e dando o livro. Depois ganhei essa edição que tenho em 2014, mas outra vez parei a leitura na metade. Finalmente agora em 2020 consegui recomeçar e terminar a leitura. Fiquei me perguntando porque demorei tanto tempo pra me perder nessas páginas e mergulhar nos olhos de Chiyo! É um livro denso, não dá pra negar. A riqueza de detalhes e re